O Brasil está mudando rapidamente. E, é claro, que a situação política brasileira, incendiada pela Operação Lava Jato, e o avanço da influência das igrejas evangélicas, que abraçam a causa da prosperidade pessoal através de uma postura de trabalho e empreendedorismo, estão contribuindo (e muito) para isso. As pessoas começam a perceber que depender de um Estado corrupto e ineficiente nunca vai levar ninguém à ser próspero, a menos, é claro, que você seja um político corrupto.
A importância do assunto não é desprezível. Tanto é assim que a revista Época, em sua edição de 10 de abril de 2017, dedicou exatas doze páginas sobre o assunto. O mesmo assunto surgiu recentemente também em diversos outros órgãos de imprensa, como por exemplo o jornal O Globo (em 05 de abril de 2017, e o jornal O Estado de São Paulo (em 03 de abril de 2017). Segundo a reportagem da revista Época, e também conforme a pesquisa da Fundação Perseu Abramo, entidade ligada ao Partido dos Trabalhadores e que foi citada na reportagem, existe uma nova classe social emergente que não enxerga o mundo sob a ótica da luta de classes.
Essas fontes afirmam que está emergindo no Brasil um novo segmento social, cujos valores são baseados na cultura da iniciativa, do mérito individual e do empreendedorismo. Segundo a revista Época, são os chamados “novos liberais”. São pessoas, usualmente de classe média baixa que estão prosperando por conta própria, sem a ajuda (ou apesar) do Estado. Mas o que é que isso tem a ver com as empresas?
A resposta é simples. As empresas devem refletir isso em sua estratégia de marketing. Esse segmento social quer um “empoderamento” obtido através de sua própria iniciativa e mérito. As marcas precisam refletir isso ou poderão perder clientes para os concorrentes que perceberem isso antes.
Por outro lado, o RH precisa estar atento para atrair e manter pessoas desse novo segmento social nas empresas. Sem esse tipo de pessoas trabalhando na empresa, será difícil entender como esse novo segmento social pensa. Aqueles que pertencem a esse segmento social não se sentirão atraídos por ofertas de trabalho burocráticas, no qual não haja a percepção de meritocracia e nem a possibilidade de crescimento profissional. Esse novo brasileiro não quer apenas medidas compensatórias dadas pelo Estado para as classes menos favorecidas. Esse novo brasileiro quer oportunidades e instrumentos para crescer, conforme colocado pelo Prof. Mangabeira Unger, na entrevista da revista Época em 10 de abril de 2017. Trata-se de um segmento que quer vencer com seus próprios méritos. É exatamente esse tipo de, digamos assim, “fermento social” que fez com que alguns países de primeiro mundo prosperassem, como por exemplo, os Estados Unidos, cuja origem religiosa é protestante, que valoriza o trabalho e a meritocracia. O desafio está lançado para as empresas. Quem aproveitar essa percepção antes da concorrência vai se dar bem. Desnecessário comentar o que vai ocorrer com as empresas que insistirem em não enxergar essa nova realidade. Quem viver, verá.